sexta-feira, 12 de julho de 2013

O perigo da Estag-inflação - Parte 2

Há alguns meses atrás escrevi um artigo aqui no Blog sobre o perigo da estag-inflação, isto é, estagnação econômica com inflação. Hoje venho escrever novamente pois ela tem se confirmado.

O Banco Central elevou mais uma vez a taxa básica de juros em mais 0,5% ao ano, para 8,5% ao ano. O terceiro aumento consecutivo para conter a inflação, num momento em que a economia como a estagnar, com baixo crescimento.

O mês de maio teve retração de 1,4% no PIB em relação à Abril. Isto é péssimo. Certamente no mês que vem teremos o anúncio relativo à Junho, onde a retração será maior, em virtude dos protestos que tomaram conta do país e fizeram o comércio parar por muitos dias seguidos. Tudo isso tem impacto direto na economia.

A desconfiança das agência de risco internacionais quanto à contabilidade pública brasileira, fez o país ter fuga de capitais e o dólar subir mais de 10% em apenas um mês. Maquiagens estão sendo feitas para enganar os analistas, como por exemplo, colocar na contabilidade deste ano lucros de estatais que serão distribuídos somente no ano que vem ou antecipação em mais de 1 ano de royalties. Estão computando o dinheiro sem ele existir, isto é maquiagem contábil, gera quebra de confiabilidade na política econômica brasileira.

O Brasil é um dos poucos países do mundo que consegue ter inflação alta com crescimento pífio.

sábado, 1 de junho de 2013

PIB dos Estados Unidos X PIB do Brasil - O mistério!

Estou tentando entender o que está acontecendo com a economia brasileira. Há pouco mais de 4 anos atrás a economia norte-americana afundava numa quebradeira nunca antes vista, ocasionada pelo estouro do "boom" imobiliário, ao concederem empréstimos imobiliários à famílias que não tinham salário estável e nem condições de arcar com as prestações. Bastou os juros internos subirem um pouco, a economia estagnar e um pouco de inflação e as prestações ficaram impagáveis. Vários bancos faliram, uma crise internacional se instalou afetando outros países ao redor do mundo.

Acreditava-se que os Estados Unidos levariam UMA DÉCADA para se reerguer, esta por sinal, foi uma das grandes críticas ao primeiro mandato do presidente Barack Obama, pois a economia não conseguia se reerguer e as demissões continuavam em alta.

Passados 4 anos da crise financeira, o PIB dos Estados Unidos cresceu 2,6% no primeiro trimestre de 2013 enquanto o do Brasil foi 4,5 vezes menor, apenas 0,6%, salvos pela agricultura, pois se fosse pela indústria, tinha sido ZERO.

Lembro-me do Ministro Guido Mantega e da presidente Dilma dizerem que apenas" marolas" tinham pego o Brasil na época da crise financeira e que nosso crescimento era sustentável. Parece que não é sustentável, pois diversos gargalos da economia brasileira continuam fazendo o nosso crescimento o voo da galinha. Enquanto a águia americana começa a voar em altas altitudes e pelo visto não vai mais cair.

Se tivéssemos sofrido a mesma quebra que os EUA sofreram, será que em apenas 4 anos já estaríamos nos reerguendo?

Os preços no Brasil continuam muito altos, quem viaja seguido ao exterior sabe que a única coisa que se compra barato dentro do Brasil é carne bovina, o resto é jogar dinheiro fora. Já começa pelos automóveis, onde pagamos US$ 38.000 por um Corolla, enquanto nos EUA o mesmo custa US$ 14 mil. Além d Brasil ser um dos países mais fechados do mundo quanto a produtos estrangeiros, com inúmeras restrições sanitárias e barreiras alfandegárias.

Vamos ver quanto será o crescimento nos próximos trimestres, continuaremos com inflação alta e baixo crescimento, a chamada estag-inflação? Pelo que tudo indica, sim!

quarta-feira, 29 de maio de 2013

O perigo da estaginflação (estagnação econômica com inflação)

A Economia brasileira vem perdendo o ritmo ano após ano, em função da crise externa e também de problemas internos.
A União Européia só corta gastos, investimentos e salários e afunda o barco cada vez mais. Do outro lado do mundo a China perde força em função também da crise européia. Os Estados Unidos estão remando aos poucos para tentar reerguer a economia novamente, tudo isto, respinga no Brasil, querendo ou não.
Quanto aos problemas internos temos dois fortes fatores:
1- Endividamento do brasileiro.
Nos últimos anos o grande "boom" de consumo não foi só pelo ganhos reais de renda acima da inflação, mas também pelo crédito fácil. Os cartões de crédito passaram a dar limites 3, 4 vezes o valor da renda mensal da pessoa, além de crediários facilitados, empréstimos em tudo quanto é esquina a juros altos, além do maldito crédito consignado, este pelo menos, com juros limitados a 2,5% ao mês.
Temos também o "boom" do mercado imobiliário, que faz os preços dos imóveis subirem 3x a mais que a inflação ano ano, maiores os valores dos imóveis, maior o valor da parcela de financiamento.
2 - Gastos demasiados do governo federal.
Trabalho no setor público e vejo com meus próprios olhos quanto dinheiro desperdiçado. Poderia ser feito um corte tranquilamente de 30% na receita de todos os órgãos públicos e ministérios e o custeio não seria prejudicado, pois existe muita gordura sobrando. Temos também os gastos absurdos com o Bolsa Família, da ordem de R$ 29 bilhões.
Gastos excessivos do governo, sobretudo em custeio, elevam a inflação.

O problema é voltar ao passado com inflação em alta e crescimento em baixa. Não quero ver esse filme novamente!

Se continuarmos neste ritmo de gastos desnecessários, seremos no futuro, a Europa de hoje.

Não estou dizendo que sou a favor da austeridade absurda que estão fazendo por lá, que ao invés de salvar os países, está afundando-os ainda mais. Pois todo corte de gastos tem limite, se é cortado muito mais do que deveria, a economia do país afunda levando junto o setor privado. Estão cortando saúde, educação, aposentadorias e salários, isto é tiro no pé e com calibre .50. Ter no máximo 3% do PIB de dívida, é algo impraticável, vão matar o povo de fome para tentar chegar neste percentual.

Ao invés de gastarem R$ 29 bilhões com bolsa família, poderiam usar isto para asfaltar todas as rodovias de terra que existem neste país, duplicar trechos que precisam ser duplicados, construir novos hospitais, pois atualmente só se fecha hospital e nada se constrói, investir em infra-estrutura! Isto sim gera emprego e renda ao trabalhador e não miséria social.

segunda-feira, 11 de março de 2013

A Grécia no fundo do poço ou o poço é mais fundo?

(Grécia) PIB do país recuou 5,7% no quarto trimestre e 6,4% no acumulado do ano. No acumulado dos últimos 6 anos o recuo do PIB já chegou a mais de 20%.

Será este o fundo do poço ou o poço ainda é mais fundo?

Com a política da Troika (Plano de Austeridade do Banco Central Europeu e FMI), o dinheiro só serviu para salvar os credores, diga-se, bancos. Pois o país vai de mal a pior.

Não entendo como alguns colegas economistas dizem que no longo prazo a economia voltará a crescer como toda esta austeridade nos gastos públicos. Nenhum país sobrevive com apenas 3% de déficit público em relação ao PIB do país. Veja o caso do Brasil, o déficit hoje chega a 60% do PIB. Nos Estados Unidos passam de 100% do PIB, agora, querer que os membros da Eurozone tenham apenas 3% é impraticável.

Ou se injeta dinheiro no consumo doméstico e também em novos investimentos públicos e privados no país, ou a Grécia estará cada vez afundando mais. Lembramos que em muitos países da Europa não há o jeitinho brasileiro para a sobrevivência, isto é, o mercado informal, com camelôs, vendedores de porta em porta, bicos aqui, ali. Muitos destes países possuem uma economia fechada, onde quem não tem seu contrato de trabalho, não tem mais o que fazer, o que dificulta ainda mais a recuperação econômica do país.

sábado, 28 de julho de 2012

Carros saem de linha e funcionários também!

Neste mês a GM do Brasil encerrou a produção da Zafira, Meriva e Corsa Hatch. Os modelos eram produzidos na planta industrial de São José dos Campos. Infelizmente, não foram só estes modelos de automóveis que deixaram de ser produzidos, a planta industrial também foi desativada por ser antigo demais. Parte dos funcionários foram realocados para outra planta industrial na mesma área, esta produzindo a S10, porém, boa parte dos metalúrgicos ficaram sem trabalho.

Isto pode ocorrer com outras plantas automotivas antigas e acontece com frequência no meio industrial. Cidades pólo se desenvolvem como nunca, multiplicam seu PIB por 3, mas até quando? Se a companhia investir em nova planta de produção, ótimo, se resolver encerrar a produção e migrar para outro pólo? Atualmente não só países competem entre si por novos investimentos, mas também os estados competem. Onde exista mão-de-obra mais barata e ao mesmo tempo uma infra-estrutura mínima para a logística, lá investirão.

O problema com os metalúrgicos da GM da planta de São José dos Campos é, onde irão trabalhar? Se não  quiserem migrar para outras cidades e trabalhar em outras montadoras, terão que mudar de profissão. A não ser que o mercado automotivo volte a ficar aquecido e mais turno de trabalho sejam criados para suprir a demanda existe.

domingo, 3 de junho de 2012

PIB brasileiro cresce no 1º. Trimestre menos que da Alemanha, entenda o porquê!


Desde o início do ano o governo Dilma vem baixando drasticamente as taxas de juros, reduzindo impostos de alguns setores, na tentativa de estimular a economia. Entretanto, até o momento não se verificou o resultado esperado, que segundo o governo, deve vir no segundo semestre.

Ocorre que mesmo com o aumento no volume de crédito e juros mais baixos, o brasileiro não consegue mais pegar financiamento algum para aquisição de bens de consumo, sobretudo os duráveis, como automóveis. Não há mais folga no orçamento para novas aquisições. O governo parece que se esqueceu de que, quem tinha um pouco de folga no orçamento adquiriu carro novo há 1 ou 2 anos atrás com prazo de financiamento de 60 meses, na maioria, automóveis 100% financiados. Hoje o preço de seus carros são menores que o saldo devedor do financiamento, o que inviabiliza qualquer novo negócio.

Porém, segundo o governo Dilma, hoje 70% do país é classe média, e com a nova forma de cálculo. Família com renda per capita de R$ 300,00 a R$ 1.100,00 é considerado classe média. Então quer dizer que numa família de 3 pessoas, e cuja renda é de míseros R$ 900,00, a família é considerada classe média! Uma verdadeira piada. A família gastara 90% de seu salário somente com comida, que tem subido os preços na faixa de 10% ao ano. Ela terá como pagar um aluguel que hoje não existe por menos de R$ 500,00  na vila mais simples ou R$ 300,00 no barraco da favela. Ainda terá conta de luz, de água (se não for ligação clandestina, única maneira de sobreviver), mais os gastos com educação, remédios, roupas etc. Imagine uma família com 2 pessoas, mãe e filho, de apenas 1 salário mínimo (R$ 622,00) ser considerada classe média! Chega a ser um deboche. Em 2005, ano que  ingressei no mestrado em economia do desenvolvimento, classe média era a família com renda mínima de R$ 3.500,00. Hoje virou 1 salário mínimo. Pois bem, virou classe média apenas na propaganda governamental, como que essa família pudesse ter um automóvel novo, pudesse se dar ao luxo de viajar em turismo pelo país e frequentar restaurantes da classe média.

O automóvel mais barato, que custa R$ 21.900,00, financiado 100%, com taxa de 1,69% ao mês (alguns diriam que tem mais baixa, mas digo que na verdade para esse prazo longo de 60 meses, é o mínimo que se encontra no mercado), dará uma prestação mensal de R$ 583,00, sem considerar o IOF sobre o valor total do financiamento e que será diluído nas parcelas e mais o custo do boleto bancário mensal. Temos que considerar ainda, o gasto com o seguro, que mesmo sendo um carro barato, é alvo de ladrões (Mille Fire), e na maioria das capitais não fica por menos de R$ 1.500,00. O que representa mais um gasto mensal de R$ 150,00 (em mais de 5 parcelas as seguradoras cobram juros mensais de 3%, o que dará exatamente R$ 150,00 por mês em 12 parcelas. O gasto com o automóvel subiu para R$ 733,00, e devemos ainda somar o gasto com gasolina, de no mínimo 1 tanque por mês, mais R$ 112,00. Total: R$ 845,00.

De fato Presidenta Dilma, uma família com 3 pessoas e renda de R$ 900,00 ou família com 4 pessoas e renda de R$ 1.200,00 é classe média. O pobre dos EUA ganha UD$ 600,00 por mês (per capita), ou seja, R$ 1.200,00. Uma família com 4 pessoas teria renda então de R$ 4.800,00. O que para cá é considerado rico pelo governo, pagando imposto de renda de 27,5%. Sendo que o norte-americano paga R$ 21.700,00 por um New Fiesta, e aqui paga-se R$ 48.000,00. Aqui os juros mensais são de R$ 1,69% ao mês, por lá é de 0,5% ao mês no máximo.

De volta à questão do PIB, para uma economia crescer, ela tem que crescer no todo, como agricultura, indústria, comércio e serviços, fora os gastos governamentais. A agricultura vai de mal a pior, fazendeiros endividados devido à seca severa que assola sul e nordeste do país, e com menos intensidade na região centro-oeste. A indústria com queda mensal de produção devido à baixa demanda o que reflete no comércio em geral, ficando apenas a parte de serviços com pequeno crescimento.

Outro ponto foi o grande volume de financiamentos imobiliários, que devidos aos altos valores dos imóveis no país, não se pagam menos de R$ 800,00 por mês numa prestação por um minúsculo apartamento.
Ademais, a defasagem do salário de boa parte do funcionalismo federal, onde o auxílio alimentação é de míseros R$ 304,00, cujos salários não têm reposição desde 2007, e os funcionários estaduais, com salários ainda mais defasados, afetam também o PIB do país. Pois gastar com funcionalismo não é dinheiro jogado fora, funcionários públicos consomem produtos comoo setor privado. Não é dinheiro jogado pelo ralo. Todavia, a política atual dos governos é o contrário. Acham que investimento é apenas construir ponte ou prédios novos numa universidade federal, não existindo recursos-humanos.
Resumindo: quem comprou, comprou, e só comprará novamente daqui uns anos. O efeito principal não é a crise externa, mas o endividamento da população interna. 

sexta-feira, 27 de abril de 2012

A Argentina e a expropriação da YPF

Mais uma vez, a presidente Cristina Kischner (e digo presidente, pois presidenta não existe na gramática portuguesa), faz uma loucura ao nacionalizar a YPF, com o velho discurso o Petróleo é nosso.
O primeiro erro de Cristina foi ignorar a globalização da economia, uma "expropiação" como está sendo feito com a YPF representa um risco à qualquer empresário que queira investir na Argentina, afinal, de uma hora pra outra pode o governo expropiar o seu negócio. Além disso, faz diminuir consideravelmente os investimentos externos no país. A pergunta que fica é, qual país da América Latina pode se dar ao luxo de dizer: não precisamos de investimentos externos? Pelo contrário, todos necessitam, até mesmo o Brasil, mesmo com uma economia forte, amplo parque industrial, etc, necessita de investimentos externos.Os recursos são fundamentais para as reservas do país e geração de empregos e renda.
Por que a Argentina não adota o sistema de Royalties do petróleo, como se faz no Canadá? Onde o dinheiro das petrolíferas privadas vai diretamente para a população, fazendo de fato uma distribuição de renda.
A YPF antes era uma estatal, e por ser terrivelmente má administrada e com prejuízos milhonários, acabou sendo privatizada, sendo o principal acionista o governo Espanhol.
Parece que a presidente da Argentina adora fazer loucuras, como a de fraudar o índice de inflação para a população, fazendo-os empobrecer ano após ano.
O que a YPF vinha fazendo era forçar aumento no preço dos combustíveis acompanhando a inflação real do país e não a inflação fraudada. Afinal, qual empresa quer ver sua margem de lucro diminuir mês a mês por causa da inflação alta, mas índices oficiais de 50% menores do que realmente são.

Sem investimentos externos, a Argentina está designada a virar novamente um país sub-desenvolvido e pobre, acabando com a "Europa da América do Sul", como era chamada. Por sinal, já faz tempo que ela não é mais esta europa, desde o ministro da economia, Domingos Cavallo, que literalmente com o orgulho que tinha e um presidente ainda mais inconseqüente, quebrar com o país.