sábado, 26 de julho de 2014

Que problemas teria o Brasil ao tentar construir um dique igual ao da Holanda - 32km em 5 anos por cima do mar.

Ao ver o Globo Repórter de ontem, dia 25 de Julho, sobre a Holanda, pude fazer algumas comparações rápidas entre lá e cá.

Um país abaixo do nível do mar, soube como ninguém resolver os problemas das inundações com tecnologia, engenharia e criatividade. 

Um grande e alto dique com 32 km de comprimento, bases extremamente sólidas de pedra aterrando zonas costeiras e o próprio mar. Por cima do dique, uma grande autopista e mais ciclovias, como é comum por toda a Holanda. Levaram apenas 5 anos para construí-lo. Quanto tempo levaria no Brasil? Vou enumerar alguns problemas que apareceriam por aqui e fariam o tempo de construção ser de 15 ou 20 anos.

1 -  No trajeto do dique, mesmo em áreas que alagam seguidamente, foi encontrado alguns índios (2 famílias) que invadiram um pedaço de terra e por alí ficaram, com isso a Funai paralisa as obras até que uma Aldeia ou Vila seja construída para abrigá-los e em outra área que ainda estão procurando e que depois de achar terão que ser construídas casas de alvenaria (e não as casas que eles estão acostumados a morar e constroem por si próprios). Se já estão invadindo a área de terra, por que não alocá-los na mesma área mas recuando-os da área do dique? Agora ficarão livres das inundações.

2 - Como a obra será feita divida em vários trechos, para cada empreiteira que contribui financeiramente com o partido do governo, cada uma fica com um trecho da obra. Mas em algum instante o TCU vai considerar como obra superfaturada. A empreiteira dirá que é porque usa equipamentos mais modernos para a construção, tornando-a mais rápida a obra, mas o TCU não aceita tais equipamentos e suspendem a obra até que a situação se desenrole, o que pode levar mais de um ano.

3 - Em outro trecho, foi descoberto que fizeram licitação apenas com o projeto básico e não com o projeto executivo, que é mais detalhado, dai várias obras não constam e quando veem a necessidade de fazer o orçamento duplica.

4 - O IBAMA levou pelo menos 2 anos para aprovar os estudos de impacto ambiental provisórios de alguns trechos, o que na Holanda existe igual, mas levam apenas 30 dias para a aprovação. Alguns trechos ainda nem foram analisados e nestes as obras ainda não começarão.

5 -  Nesse meio tempo a construção do dique que era do PAC1, passou pro PAC2 e depois pro PAC3, depois já nem falam mais pois nem sabem quando acabará.

6 - A rodovia prevista para passar por cima do dique não foi colocada no projeto da construção do dique, várias coisas teriam que ser alteradas, os estudos de impacto ambientais mudariam por completo, não há previsão alguma para a construção da rodovia.

7 - poderia enumerar mais e mais burocracias e empecilhos...



Anualmente vejo cidades serem inundadas por rios e nenhuma obra é pensada no sentido de se evitar as inundações. 
Onde resido, em São Borja, fronteira oeste/missões do RS, todo ano o Rio Uruguai tem uma cheia, neste ano a mesma foi a 2a maior da história da cidade, só comparada com a de 1983. A forma como o Rio Uruguai inunda a parte ribeirinha é facilmente resolvida com um dique ao longo de toda a extensão do rio com a parte urbana da cidade. Um dique de cerca de no máximo 2 km resolveria o problema para o resto da vida. Rio Uruguai não tem ondas altas como o mar que banha boa parte da Holanda. O leito do rio não precisaria nem ser aterrado, os aterros seriam em terra mesmo.  E por cima do dique poderia haver uma grande avenida ligando a ponte internacional, ligação com a Argentina, e a cidade. Junto dela restaurantes, marinas, bares e áreas de lazer, que nunca mais seriam inundadas pelo rio. 

Quantas outras cidades não poderiam fazer a mesma coisa? Jaraguá do Sul, Rio do Sul, , São Sebastião do Caí, etc.
Tal assunto passa longe do pensamento dos governantes, que preferem depois das enchentes irem pedir dinheiro para o governo federal por causa dos problemas causados pela inundação, do que pensarem em obras que evitarão transtornos para a população pelo resto da vida.